sexta-feira, 13 de abril de 2012

OS TEMPOS DA VIDA

Palestra : Dia 12 de abril

            A passagem dos espíritos pela vida é necessária, para que eles possam cumprir as tarefas que Deus lhes conferiu e assim desenvolver a inteligência, promovendo o seu aprimoramento.
            A encarnação, para todos os espíritos é um estágio transitório, no qual terá a oportunidade de usar o livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo esta tarefa transpõem mais rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da sua evolução.
            Para executar a tarefa de evoluir e tornar-se Puro Espírito e totalmente educado, o Espírito precisa de um corpo físico, submetido ao ciclo da matéria que nasce, cresce, desenvolve-se, mantém determinado equilíbrio, desagrega-se e morre.
            Neste processo, há um tempo mais importante. Lembramo-nos que, na perfeição da Criação Divina, não existe acaso, supérfluo ou algo sem função específica.
Neste caso em casa fase em que o espírito estagia, tem uma função qualificada na preparação continua e na ampliação do campo perceptivo e irradiador. Na perfeição do Pai, nada acontece por acaso.
1)    A infância (do nascimento até a puberdade)
Configura-se como um tempo de transição de uma existência para outra. É o período de convalescença da árdua travessia da vida espiritual para a material. Estimulados pelos pais e familiares, a criança abre o campo para se reformar, mudar, adquirir novos ensinamentos e ampliar a sabedoria.
Carinho, desvelo e firmeza da parte dos pais e responsáveis é da maior importância nesta fase da vida.
2)    A adolescência que vai além dos 20 anos, em tese.
Caracteriza-se pela descoberta e afirmação do “Eu” onde períodos de egocentrismo, crises de inquietude, irritabilidade, alternam-se com períodos calmos. Entusiasmo e depressão se alternam.
Produzem tormento e dor interior, dificuldades nas decisões, as desilusões. O espírito ainda não se aceita com a estruturação de um homem, mas não se aceita mais como criança.
3)    A maturidade
Caracteriza-se pelo esquecimento da vida passada e os objetivos são equilíbrio físico e emocional. Segurança, justeza, reflexão. É o período da plenitude.
 A arte da vida consiste em entender cada um dos tempos da vida. Na fase madura o trabalho, o desprendimento, a inspiração e o amor preparam para a fase que seguirá. O envelhecimento da matéria.
Nosso corpo é uma veste que se deteriora. A força vital vai diminuindo aos poucos, até acabar.
Essa desagregação da matéria influencia o espírito ?
            Sem dúvida. Impõe-lhe ritmo diferente, menos energia vital, menos ritmo nas atividades físicas. Cabe a nós compreender que esse processo é natural de envelhecimento da matéria e faz parte dos planos de Deus para nós. Acredita-se que compreender essa fase e trabalhar nela para que o Espírito se mantenha ativo, lucido, entusiasmado e permanentemente livre embora limitado do ponto de vista da matéria.
            A história nos mostra que o envelhecimento da matéria não se processa da mesma forma para quem compreende a cultura do espírito. A idade cronológica não representa barreiras. Temos exemplos de muitos e muitos espíritos produtivos e que tiveram seu apogeu criativo bem depois dos 70 anos. Não entregando-se a vida contemplativa, permaneceram vivos até hoje, quando pelos feitos de suas descobertas e invenções se mantiveram interessados, interessantes e colaboradores!
            Minha intenção na abordagem deste assunto é, além de demonstrar que tudo na natureza faz sentido e tem um propósito, é dar um enfoque na chamada idade idosa. Temos que entender o que quer dizer velho e idoso.
            Velho é um adjetivo uma qualidade, de ser gasto pelo uso, antigo, antiquado, obsoleto, arcaico. Já idoso é um substantivo, nome com o qual designamos um homem ou mulher que tem muita idade. Todos chegarão a idade idosa a não ser que desencarne antes. Isso porque é inevitável adentrar-se nela pelos anos vividos no tempo presente. Ser idoso é uma contingência de vida, ser velho é arbítrio, decisão pessoal.
            Ser velho é quem perdeu a jovialidade. É aquele que só dorme, descansa, vive no passado e se alimenta de saudades, que não tem planos e sonhos, para o próximo amanhecer, é alguém que vive no calendário, só de “ontens”.
            O idoso entende a benção de viver uma longa vida, compreendendo o desgaste natural das células, não se permite a degenerescência, o decaimento, o definhamento, a alteração das características do espírito. O idoso sonha, aprende, se exercita, faz planos, povoa a vida de ocupações pessoais interessantes.


De forma geral, pensamos assim ?
            Infelizmente, a maioria não. Só compreende a vida material. Muitos desdenham, fazem pouco caso das pessoas que vivem na idade idosa. O próprio idoso se vê com olhos de velho.
            Entretanto, se a realidade física, material no processo do passar dos anos, se há aparecimento de doenças e limitações há muitos que se pode fazer para manter-se a lucidez e a alegria de viver, de participar do todo social, da família, dos amigos, trabalham, produzem.
            A idade cronológica é limitativa segundo a educação do Espírito. A aceitação,  compreensão, viver envolto em planos, ideais e realizações atenua as consequências. Respeito consigo mesmo teremos todas as idades que deus planejou para nós. Aproveitemos essa encarnação para fazermos uma trajetória produtiva. Nosso espírito não tem a mesma idade do nosso corpo.

Maria Alice Guimarães  (palestrante)

sábado, 7 de abril de 2012

A PARENTELA CORPORAL E A PARENTELA ESPIRITUAL


Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências (Capitulo IV, no.13).
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espirito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capitulo XIV, no.8.