quinta-feira, 26 de maio de 2011

NÃO NASCEMOS PRONTOS



Pais e filhos

“A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso”. Do item 9, do Cap. XIV, de “O evangelho segundo o espiritismo”


Trazida a reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio-domésticos, não é somente a relação de pais e filhos que assume caráter de importância, mas igualmente a que se verifica dos filhos para com os pais.
Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de igual modo, os pais não pertencem aos filhos.
Os genitores devem especial consideração aos rebentos, mas o dever funciona bilateralmente, de vez que os rebentos do grupo familiar devem aos genitores particular atenção. Existem pais que agridem os filhos e tentam escravizá-los, qual se lhes fosse objeto de propriedade exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de freqüência, filhos que agridem os pais e buscam escravizá-los, como se fossem os progenitores lhe constituíssem alimárias domésticas.

A juventude, os jovens em geral, têm sido constante nos noticiários atuais.
Fala-se dos jovens adolescentes que engravidam prematuramente.
Dos jovens perdidos no vicio das drogas.
Dos que põem fogo nos índios e nos mendigos.
Dos tresloucados, que se arrebentam em acidentes violentos nas competições ilegais chamadas “rachas”.

Quando lemos e ouvimos tais informações, ficamos chocados com tantos desatinos e logo imaginamos o que será do futuro da Terra, se a juventude está perdida.

Todavia, os olhos e ouvidos interessados podem ler ou ouvir vez que outra, uma tímida milícia de jovens que se dedicam ao bem geral.

São jovens cientistas premiados pelos esforços dedicados em busca de melhor qualidade de vida para os enfermos, outros que se entregam as artes, cantam, dançam, produzem músicas melodiosas, são esportistas, jovens saudáveis que dedicam seu tempo aos estudos, a distrair e alegrar pessoas idosas em clínicas geriátricas, que se chocam com a miséria do próximo e dedicam parte de seu tempo em trabalhos voluntários.

Aqui mesmo, na Rosa dos Ventos, temos jovens que participam como Voluntários – Ex: Pablo e Renato entre outros.

Poderíamos mencionar outras situações de jovens engajados na família e na sociedade, que trabalham, são arrimo de família, muitos tirando da terra o sustento, ainda jovens médicos, jovens que não se prestam a promover produtos que incitam ao vicio e aos desregramentos na área da sexualidade.
Jovens que falam do Cristo e buscam viver seus ensinos.

Então porque nos parece que a juventude está perdida?

Porque o bem é bem menos divulgado que o mal. Se o bem fosse priorizado nos meios de comunicação e na sociedade em geral, a postura de tantos jovens indecisos no caminho que iriam seguir seria bem diferente.

Estes jovens não são os que devem nos preocupar; são espíritos que já adquiriram um bom nível de conhecimento e que estão aptos a ajudar na evolução dos demais.

MAS E OS OUTROS? Por que apresentam tantos problemas, por que são fonte de sofrimento para a família e maus exemplos para os demais.

A doutrina espírita nos ensina que os laços de sangue não estabelecem necessariamente laços espirituais.
O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do espírito, por que este (o espírito) precede o corpo.
Os pais não geram os espíritos dos filhos. Fornece-lhe apenas o envoltório corporal, mas deve ajudá-lo em seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.

Segundo Mário Sérgio Cortella, filósofo, teólogo e educador da USP em seu livro “Não nascemos prontos” a questão dos jovens de hoje é bastante interessante de se refletir.
Primeiro, Cortella contradiz a idéia de que quando mais nós vivemos, mais velhos ficamos.
ERRADO diz ele: Como não nascemos prontos (cabe aqui o aspecto da evolução espiritual, hoje focando nos nossos jovens) “eu sou novo todos os dias” quando quero ser: integro, completo, sério; Isso é EVOLUÇÃO, crescimento, aprimoramento. Neste caso o processo é inverso ao que somos acostumados.

Voltando à proposta de hoje que é falarmos um pouco sobre os jovens que ocupam os noticiários em geral, e preocupam pais e educadores, Mário Sérgio Cortella mostra que as crianças e jovens de hoje pensam que DESEJOS SÃO DIREITOS.
A maioria dos pais atende e satisfaz todos os seus desejos porque não querem o conflito.
EX: Dão aos filhos um tênis que custa o preço de um pneu de carro.

Jovens com 16 anos comemoram a formatura em lugares onde os pais nunca foram e quando voltam ao serem perguntados de como foi o passeio, respondem: NORMAL – sem entusiasmo nenhum.
Para esses jovens tudo é NORMAL, eles são acostumados com as facilidade que, na maioria das vezes, os pais, até porque também acham NORMAL e CORRETO dar aos filhos tudo que eles desejam, acabam por emperrar o processo educativo-evolutivo de seus filhos, por conseqüência, seu desenvolvimento espiritual.
Essa geração é apelidada por Cortella de GERAÇÃO MIOJO. (massinha que fica pronta em 3 minutos)
ENTÃO: Tudo é “miogizado”:
O AMOR: miojo;
O SEXO: miojo;
O CASAMENTO: miojo;

Outros exemplos:
Caixa eletrônico – põe o cartão e sai o dinheiro;
Telefone celular – podem ser “localizados”, falam a qualquer momento com os pais, mais nem sempre revelam seu verdadeiro paradeiro.

As relações são medidas pelo código do consumidor.

Aparelhos eletrônicos cada vez mais sofisticados (os pais não sabem como operar certos celulares e computadores) tudo isso na mão das crianças sem controle nenhum.

Códigos lingüísticos que os mais velhos não entendem.

Comida em saco (DRIVE TRU)
O controle-remoto;
O domínio da TV (TV a cabo)
Só serve para trocar de canal e não se fixar em nenhum. Nada mais satisfaz.
O MICROONDAS – cada um come a hora que quer na sua toca (isolamento dos demais membros da família.

Vale presente: ninguém mais sabe o gosto de ninguém.

Telefone fixo: quase ninguém mais tem. Os filhos ficaram móveis como o celular.

Finalizando, chamamos a atenção da responsabilidade que temos na evolução espiritual, na personalidade de ética que temos com nossos jovens:
Os valores que terão são os valores que nós passarmos para ele. Eles não nasceram prontos, nem nós, mas, se a Criação nos escolheu para ajudar esses espíritos a evoluírem, cabe a nós encontrar meios eficazes para que esses jovens compreendam que não é necessário aproveitar tudo na vida de forma desregrada, como se não houvesse amanhã, vivendo tudo até o esgotamento.

 Daí o “TURBINAMENTO” da vida. Tudo é vivido no limite e depois de satisfeitas todas as vontades, vêm a necessidade de REATIVAR, POTENCIALIZAR os prazeres da matéria. É quando chega a DROGA. Como evitar que nossos filhos cheguem a destruição pelo uso de DROGAS ?

Muitos pais não sabem o que fazer, qual a maneira eficaz para se obter um bom resultado na educação dos filhos.

Muitas são as armadilhas danosas, além do que já citamos.

Achar que os filhos têm sempre razão, incentivando-os a arrogância, ou ir para o outro extremo, censurando-os por tudo a cada instante.

Mantê-los afastados dos problemas familiares, apenas voltá-los para brinquedos e festas. Isso amolece a resistência para enfrentar a realidade da vida.

Satisfazer todos os seus caprichos, jamais hes negando o que pedem. Isso desenvolve a falta de firmeza e a ambição desmedida.

Aconselhar o revide e a intransigência ensina que perdoar e pacificar é próprio dos tolos, afasta a tendência à compaixão.

Querer deixar os filhos o bem estar material que sabemos, pode esvair a qualquer sopro de adversidade, ao invés de lhes transmitir a herança da virtude e da cultura, dos valores éticos e morais que oportunizam a evolução espiritual.

A obra da educação exige amor, mas também exige equilíbrio e lucidez.

É preciso aliar energia e doçura, verdade e ternura, confiança e dinamismo.

Finalizando, sem, contudo esgotar o assunto:

Ser pai, mãe e professor é uma grande responsabilidade.

Jesus é o nosso modelo na Terra; não nos esqueçamos disso e, citando o filósofo RABELAIS, encerro nossa reflexão de hoje:

“Conheço muitos que não puderam quando deviam e não fizeram quando podiam”.

Para essa palestra utilizamos a seguinte bibliografia:

” O Evangelho segundo o espiritismo, item 9 do Cáp. XIV”;

“Educação da Nova Era” cap. Templo, de refletir, de Dora Icontri”;

“ Dicionário da Alma”, ed. FEB, Verbete EDUCAR.

“Jovens E Jovens – Redação do Movimento Espírita. Texto e vídeo de Kardec Online.

“ Não nascemos prontos” Mário Sérgio Cortella.

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